Durante a graduação, metade já concluída, no turno da manhã, matriculada na cadeira correspondente a disciplina de Psicologia e Educação, sem expectativas, me emocionei, entreguei os pontos e me foi plantado o amor à psicologia.
Antes disso, a primeira bolsa conquistada pelo Enem 2015 foi para o curso de Psicologia, quinze dias para mim, detentos a um "nunca mais". Hoje, atuo na pesquisa de análises de dados médicos em prol a saúde mental de crianças e adolescentes, a vida é uma eterna ironia.
O livro No mundo da Lua, autor Paulo Mattos, me foi apresentado num seminário da cadeira da faculdade mencionada, primeiro, nos foi passado os capítulos de um outro livro, incrível, vale salientar, chamado Saúde Mental, o que os Educacadores devem saber, Por Gustavo M. Estanislau, Rodrigo Affonseca Bressan · 2014, cada capítulo é um conto baseado em dado transtorno mental, para isso, cada grupo foi responsabilizado para debater no seminário, valendo a nota final.
Dito isso, a professora titular fez mais, direcionou alguns dos capítulos para os estudantes os quais ela conhecia e sabia que deveriam adentrar no debate afundo, um deles, não lembro o nome, mas vamos chamá-lo de João, foi concedido o Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade.
A dissertação do mestrado me faz olhar a vida de uma forma categorizada, onde os fatos são agentes, que são variáveis, que se transformam em amostras e dissecamos em busca de mais e mais informações, neste ensejo, os contextos me fizeram um sentido tão profundo, o qual me faz lembrar de João e querer dar um abraço nele.
No dia da apresentação do seminário, foi permitido diversos recursos, o comum é uma bela apresentação de power point, uma boa base argumentativa e uma nota que passe. João, acolhido pela professora, fez jus ao seu capítulo. Ele possui o diagnóstico de Transtorno Bipolar e Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade, e abriu seu laudo para turma interdisciplinar, em plena dez da manhã.
Inovador e sensível, trouxe sua mãe, para contar como foi o processo de descoberta do seu laudo, os óbices pelo viés do preconceito, as adaptações necessárias para ofertar uma vida de qualidade a João, lágrimas corriam pela sala e hoje falar disso conclui os sentidos dos propósitos que venho ofertar com meu trabalho.
Educação inclusiva vem passando por repaginadas, por resistência e visibilidade, mas isso não se constrói sozinho, precisa-se de educadores, professores, estudantes e a quebra das falas pejorativas, estas que perfazem a disseminação das informações de cunho social serem desfeitas por tantos esforços para garantir uma educação consistente para o João e outras várias pessoas.
Estudar não é exclusividade, tão pouco deveria ser um privilégio, educação é direito a dignidade e pertencimento, sem exceções, se nos estudos sobre evolução em sentido biológico, Darwin dizia sobre o sucesso evolutivo se dá a adaptação, o que estamos fazendo?
João, se preparando para ser pedagogo, com coração preenchido de sonhos e intenções de prover uma educação a qual seja de todos e não seletiva.